Eu acompanho de perto a corrida por prêmios e me surpreendi quando “Marinheiro em Guerra” apareceu no debate sobre o Oscar mesmo dividida em três episódios.
A Academia só costuma considerar longas, mas a produção norueguesa, lançada nos cinemas em 2022 e na Netflix em 2023, obrigou muita gente a repensar as regras.
Do cinema para o streaming
Concebida originalmente como filme, a obra foi reeditada em formato de minissérie para facilitar o consumo global na plataforma. A estratégia rendeu alcance mundial, mas também levantou a dúvida: uma história contada em episódios pode competir como Melhor Filme Internacional?
História real em alto-mar
Ambientada na Segunda Guerra Mundial, a trama acompanha os marinheiros mercantes Alfred e Sigbjørn. Eles transportavam carga no Atlântico quando o conflito estourou e, sem treinamento militar, precisaram enfrentar bombardeios, submarinos e a incerteza de voltar para casa.
- Armamento mínimo e pouca proteção.
- Comunicação rarefeita com as famílias.
- Tensão constante de ataques no oceano.
- Luto e medo se estendendo às comunidades costeiras.
O roteiro evita heroísmos e foca no impacto humano, mostrando tanto o terror no convés quanto a angústia de quem esperava notícias em terra firme.
O projeto mais caro da Noruega
Com o maior orçamento já investido pelo país, a produção mobilizou equipes de efeitos visuais, historiadores e sobreviventes para reconstruir navios, portos e batalhas navais de 80 anos atrás. Essa ambição justificou a escolha oficial da Noruega para tentar a vaga no Oscar 2023.
Debate sobre formato
O regulamento da Academia exige que o candidato estreie como longa. Como a versão de streaming saiu em três partes, especialistas questionaram a elegibilidade. Mesmo sem chegar à lista final, “Marinheiro em Guerra” abriu precedente e inspirou outras produções a testar fronteiras entre cinema e série.
Legado além da estatueta
A repercussão aproximou o público mundial de um capítulo pouco lembrado da Segunda Guerra: o papel de civis noruegueses nos mares. Também colocou o audiovisual do país ao lado de títulos consagrados como “Argentina, 1985” e “Nada de Novo no Front”, ampliando o interesse por histórias regionais em plataformas globais.

Escrito por Neide Souza

