Eu acompanho de perto o mercado handmade e me surpreendi ao ver como as bolsas de crochê com ponto conduzido dispararam nas vitrines este ano. A mistura de fios carregados dentro do próprio ponto cria desenhos nítidos, cores vibrantes e um visual que lembra produto de grife — e tudo isso pode ser feito em casa, mesmo por quem ainda não se considera craque na agulha.
Por que o ponto conduzido virou destaque
A técnica consiste em tecer com dois ou mais fios ao mesmo tempo. Enquanto um fio trabalha o ponto da vez, os demais ficam “escondidos” por dentro da trama. O resultado são figuras bem definidas, como corações, losangos, listras ou qualquer padrão geométrico que esteja no gráfico.
Gráficos: o mapa do projeto
Nos modelos de bolsa, os diagramas mais usados são os de quadradinhos estilo pixel. Cada quadrado colorido sinaliza a cor que entra naquele ponto. Para não se perder:
- Verifique a legenda para identificar correntinha, ponto baixo, ponto alto e demais símbolos.
- Observe a seta ou a numeração que marca o início de cada carreira.
- Confirme se o trabalho será em carreiras de ida e volta ou em espiral.
- Destaque mentalmente — ou com lápis — as sequências que se repetem ao longo da peça.
Começando sem mistério
Não é preciso arriscar formatos elaborados logo de início. Uma base retangular simples, feita em fio de algodão firme, já permite aplicar um gráfico pequeno e treinar a troca de cores sem que os fios embolem. Use uma agulha que deixe o ponto bem ajustado para evitar buracos.
Cores que valorizam o desenho
A combinação mais certeira envolve um fundo neutro (bege, cru ou marrom) e um tom de destaque (mostarda, terracota ou verde oliva). Limitar o projeto a no máximo três cores facilita o controle do ponto e torna a peça mais versátil para o dia a dia.
Teste antes de começar
Artesãs experientes recomendam simular o gráfico em papel ou aplicativo. Essa prévia ajuda a checar se as tonalidades “conversam” e se o padrão aparece de forma clara.
Acabamento faz toda a diferença
- Forro bem costurado esconde o avesso e reforça a estrutura da bolsa.
- Alças resistentes, de couro sintético ou do próprio crochê, garantem durabilidade.
- Etiquetas de metal ou couro fake dão ar profissional.
- Arremates embutidos evitam fios soltos e valorizam o resultado final.
Evolua no seu ritmo
Comece com um gráfico pequeno, ganhe confiança e só depois avance para desenhos maiores. Cada projeto concluído amplia a prática de troca de cores, firma a tensão do ponto e abre caminho para criações mais ousadas. Em pouco tempo, a bolsa que chama atenção no percurso ao trabalho ou no passeio de fim de semana será obra das suas próprias mãos.

Escrito por Neide Souza

