Eu acompanho o mercado de artesanato há anos e me chamou atenção a velocidade com que os buquês de crochê passaram dos perfis de nicho para as mãos de noivas e apaixonados por decoração. A seguir, explico por que essa febre tomou conta das redes e quais técnicas garantem flores de tecido com aparência quase natural.
Por que trocar flores frescas por fio?
Os arranjos tradicionais murcham em poucos dias. Já as peças de crochê permanecem intactas como lembrança de casamento, Dia dos Namorados ou Dia das Mães. A busca por presentes duráveis, somada à estética cottagecore, impulsionou a viralização dos buquês feitos à mão.
Estrutura: o segredo do realismo
Uma flor macia demais não sustenta um arranjo. Para vencer esse obstáculo, artesãs utilizam:
- Arame galvanizado nº 14 ou 16 no caule, revestido com fio verde ou fita floral.
- “Cabelo de anjo” — arame finíssimo entrelaçado à última carreira das pétalas e folhas — permitindo curvar bordas para dentro ou para fora e simular o desabrochar.
- Pontos de cola quente ou silicone apenas no miolo e nas sépalas, evitando que as partes se soltem.
Combinação de cores faz diferença
Tal como na floricultura, contraste e volume atraem o olhar. As espécies mais pedidos são:
- Tulipas: estrutura simples, enchimento interno e variação de cores formam buquês volumosos.
- Rosas: várias camadas de pétalas enroladas criam o clássico símbolo de amor.
- Girassóis: centros marrons texturizados e pétalas amarelas iluminam composições rústicas.
- Lavandas e Mosquitinhos: hastes finas e pontos pipoca conferem leveza entre flores maiores.
- Margaridas: aspecto ingênuo e fresco para arranjos infantis ou casuais.
Fios leves garantem delicadeza
Barbante grosso compromete o acabamento. O algodão mercerizado fino — linhas como Amigurumi, Anne ou Charme — oferece brilho, cartela extensa e possibilidade de degradês sutis entre tons vizinhos.
Toque final de cor
Para profundidade extra, algumas criadoras aplicam:
- Tinta de tecido diluída em água;
- Sombra ou blush esfumados no centro e nas bordas das pétalas.
Esses sombreados reproduzem nuances que o fio sólido não oferece.
Apresentação conta
Papel kraft, tecidos estampados ou laços de cetim valorizam o arranjo artesanal e transformam o buquê em peça de destaque na decoração.

Escrito por Neide Souza

