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terça-feira, dezembro 16, 2025
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Corpo de Beyoncé vira alvo em meio à onda da magreza extrema — o que esse debate revela

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Um comentário nas redes que virou termômetro cultural

Bastou Beyoncé aparecer no Grande Prêmio de Las Vegas, em novembro de 2025, com um macacão justo e decotado para uma enxurrada de críticas sobre seu peso, seios e coxas dominar as timelines. A reação, rápida e violenta, expôs a rigidez de um novo padrão corporal que ganha força: a valorização da magreza extrema impulsionada por medicamentos emagrecedores.

Nova corrida pela silhueta ultra-fina

  • Medicamentos que prometem perda de peso relâmpago se popularizaram em farmácias e redes sociais.
  • O mercado global desses fármacos foi avaliado em US$ 13,84 bilhões em 2024.
  • A projeção é que o faturamento alcance US$ 48,84 bilhões até 2030.

Com resultados visíveis em poucas semanas, celebridades e usuários anônimos passaram a exibir corpos cada vez menores, criando o que muitos chamam de “corpo de Ozempic”. O modelo, rapidamente naturalizado, reordena a percepção coletiva do que seria o corpo ideal.

Impactos imediatos no consumo e na moda

O reflexo aparece:

  • Roupas ganham modelagens menores para acompanhar a demanda.
  • Marcas ajustam grades, priorizando tamanhos reduzidos.
  • Corpos que não se encaixam nesse recorte sofrem julgamento público.

Beyoncé como alvo: mais do que uma crítica isolada

Desde o início da carreira, as curvas da artista nunca coincidiram com a estética magérrima popular nos anos 2000. Ao surgir com medidas fora do padrão atual, Beyoncé tornou-se símbolo de um incômodo social mais amplo: a intolerância a qualquer corpo que não siga a tendência da vez.

A interseção entre estética e racialização

Corpos de mulheres negras costumam ser hipersexualizados, superobservados e raramente classificados como “ideais” por padrões hegemônicos. A patrulha em torno da cantora expõe como raça e gênero influenciam a vigilância sobre a forma física.

Retorno de um passado recente

Nos anos 2000:

  1. Revistas destacavam celulites e “defeitos” em manchetes.
  2. Paparazzi buscavam variações de peso para vender fotos.
  3. Perder alguns quilos virava entretenimento de massa.

O avanço do body positive a partir de 2015 parecia ter freado essa lógica. Porém, o revival de tendências Y2K resgatou também o culto à magreza extrema.

Números que confirmam o retrocesso

Em 2024, apenas 0,8 % dos 8.763 looks das principais semanas de moda foram plus size, segundo levantamento da Vogue. A indústria, que ensaiou incluir tamanhos maiores, agora reduz novamente o espaço para a diversidade corporal.

O papel das redes na vigilância contínua

TikTok, Instagram e X amplificam discursos gordofóbicos, criam microtendências corporais e aceleram ciclos de insatisfação. A cada novo “ideal” viralizado, usuários sentem a pressão de acompanhar padrões cada vez mais inalcançáveis.

Quando o alvo é Beyoncé, o alerta é geral

Se até uma das artistas mais influentes do planeta vira alvo por simplesmente existir fora da magreza farmacológica, evidencia-se um padrão que não admite variações. O debate em torno de seu corpo revela uma sociedade que, em vez de avançar na inclusão, mostra sinais de retrocesso ao validar novamente a estética da restrição extrema.

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