Aquele aroma forte de desinfetante costuma ser sinal de casa impecável, mas, para quem convive com cães ou gatos, o cheiro agradável pode esconder um risco grave: a intoxicação por produtos de limpeza. Substâncias como cloro, água sanitária, amônia e fenóis estão presentes em itens domésticos comuns e são capazes de provocar desde irritações leves até falência de órgãos nos animais.
Por que a intoxicação é tão comum?
Os motivos são simples. Pets:
- não usam calçados nem lavam as patas após caminhar sobre o piso molhado;
- têm o hábito de lamber o próprio corpo, ingerindo resíduos químicos;
- costumam cheirar superfícies recém-limpas, inalando vapores tóxicos.
Principais produtos que oferecem perigo
- Água sanitária e cloro: causam irritação ocular, vômitos e queimaduras em mucosas.
- Desinfetantes com fenóis: extremamente tóxicos para gatos; podem lesar fígado e sistema nervoso.
- Limpadores multiuso e desengordurantes: contêm solventes corrosivos que queimam pele e boca.
- Ácidos para banheiro e rejunte: pequenas lambidas provocam úlceras severas.
- Amônia e quaternários de amônio: irritam vias respiratórias e podem causar edema pulmonar.
- Pastilhas sanitárias e tabletes de descarga: água contaminada ingerida pelo animal leva a quadros agudos de intoxicação.
Sintomas que sinalizam exposição química
- Salivação intensa ou espuma na boca;
- Vômitos e diarreia, eventualmente com sangue;
- Respiração acelerada, chiado ou tosse;
- Olhos vermelhos, inchados ou lacrimejantes;
- Tremores, fraqueza, desorientação ou convulsões;
- Mucosas avermelhadas, esbranquiçadas ou queimadas.
Os sinais podem surgir minutos ou horas após a faxina, dificultando a associação imediata com o produto utilizado.
O que fazer em caso de suspeita?
- Afastar o animal da área contaminada e levá-lo para local bem ventilado.
- Lavar pele e patas com água corrente abundante, sem esfregar com força.
- Enxaguar olhos com soro fisiológico ou água limpa por vários minutos, se houver contato.
- NÃO provocar vômito sem orientação profissional; algumas substâncias queimam novamente ao retorno.
- Buscar atendimento veterinário urgente, levando a embalagem do produto para identificação dos componentes.
Quanto mais rápido o socorro, maiores as chances de recuperação sem sequelas.
Prevenção: limpeza segura e convivência tranquila
- Diluir sempre conforme instruções do rótulo ou ainda mais, se possível.
- Manter portas e janelas abertas durante a aplicação e secagem.
- Impedir o acesso do pet ao ambiente até o piso estar totalmente seco.
- Evitar misturas caseiras perigosas, como vinagre com água sanitária ou cloro com desengordurante.
- Armazenar frascos em armários altos e fechados.
- Optar, no dia a dia, por:
- água com detergente neutro bem diluído;
- solução de vinagre branco e água para gordura leve (verificar compatibilidade com o piso);
- produtos rotulados como “pet friendly”, sempre seguindo modo de uso.
Mitos que colocam a saúde dos animais em risco
- “Produto de bebê não faz mal para pet”. Nem sempre verdade; alguns componentes continuam irritantes para cães e gatos.
- “Se enxaguar bem, não tem problema”. Resíduos podem permanecer em rejuntes e serem ingeridos depois.
- “Meu cachorro lambe o chão e nunca aconteceu nada”. Intoxicação depende da dose; bastam algumas lambidas de um produto mais concentrado para surgir um quadro grave.
Conclusão
Manter a casa limpa e o pet saudável é totalmente possível quando os produtos de limpeza são vistos como agentes químicos de risco. Ajustar a forma de aplicação, escolher fórmulas menos agressivas e, principalmente, manter cães e gatos longe da área molhada são passos simples que diminuem drasticamente a chance de intoxicação. Em qualquer dúvida ou acidente, a regra é agir rápido e procurar o veterinário — sem apostar em receitas caseiras. Afinal, a curiosidade dos pets é grande, mas a responsabilidade pela segurança deles é ainda maior.
Imagem: Gabrielle

