Eu acompanho de perto a movimentação da indústria musical e fiquei impressionada ao ver a força que a nostalgia conquistou nos últimos meses. A volta de artistas dos anos 90 e 2000 não é só saudade: virou fenômeno cultural e econômico.
Pandemia acionou o gatilho das lembranças
O isolamento potencializou quadros de ansiedade e depressão em 25% no primeiro ano, segundo a Organização Mundial da Saúde. Diante da instabilidade, muitos passaram a rever momentos considerados seguros e felizes, abrindo espaço para o resgate de músicas que marcaram a juventude.
Reuniões que lotam estádios
- Oasis retorna após 15 anos. Foram 14 milhões de interessados para 1,4 milhão de ingressos no Reino Unido e Irlanda. A projeção de receita supera 1 bilhão de libras, ultrapassando a estimativa da turnê “Eras” de Taylor Swift nesses mercados.
- AC/DC embarcou na turnê “Power Up”. Brian Johnson voltou aos palcos e o grupo já faturou mais de 69 milhões de dólares na Europa. Na Austrália, 370 mil bilhetes esgotaram em um único dia.
- The Cure registrou a maior bilheteria de sua carreira recente: mais de 37 milhões de dólares em ingressos na Europa e Estados Unidos.
- Spice Girls alimentam rumores de reencontro em 2026, ano que marca três décadas da formação, com Victoria Beckham considerada para o line-up completo.
Anos 2000 também em alta
- RBD protagonizou uma das turnês mais concorridas da América Latina, com arenas lotadas em série.
- Paramore encerrou o hiato iniciado em 2018 e lotou shows no Brasil.
- NX Zero fez 53 apresentações pelo país, mobilizando fãs que viajaram quilômetros para acompanhar a reunião.
- McFly retomou a agenda após adiamentos causados pela pandemia e os Jonas Brothers seguem em turnê, além de lançar documentário.
Streaming colocou clássicos ao alcance de todos
Plataformas digitais igualaram músicas antigas e lançamentos no mesmo ambiente. Quem viveu o auge dessas bandas dependia de rádio, TV ou CDs; quem chegou depois descobre tudo em playlists automáticas, trilhas de filmes e recomendações de algoritmo.
Redes sociais viram motor de descobertas
No TikTok, a hashtag #nostalgia soma mais de 22 bilhões de visualizações. Buscas por “anos 90” cresceram 160% no Google em cinco anos, enquanto playlists com a palavra nostalgia avançaram 145% no Spotify em três anos. Conteúdos que remetem ao passado geram identificação imediata e resultados robustos de engajamento.
Por que esses nomes continuam relevantes?
1. Autenticidade: repertórios sólidos e vozes marcantes contrastam com o consumo rápido de hoje.
2. Comunidade: fãs criaram laços que atravessam gerações.
3. Poder de compra: quem era adolescente nos anos 90 e 2000 agora tem renda para bancar ingressos, viagens e produtos oficiais.
4. Ciclo de 20 anos: a cultura revisita referências de duas décadas atrás, impulsionando moda, comportamento e, claro, música.

Escrito por Neide Souza

