Quem acompanha as transformações da moda alternativa ao longo das últimas décadas sabe que certos estilos aparecem para quebrar regras, confundir padrões e cutucar o conservadorismo. O pastel goth é exatamente isso: uma colisão visual entre o sombrio e o fofo, o macabro e o doce, o oculto e o infantilizado. E por mais que muita gente tenha dito que era só “uma moda do Tumblr”, a estética continua aí, influenciando coleções, editoriais e até desfiles.
O que é pastel goth, afinal?
Imagine cabelos lilás, caveiras com lacinhos, crucifixos usados com maquiagem em tons de rosa bebê. O pastel goth é uma reinterpretação do gótico tradicional através da lente da cultura kawaii e da estética dos anos 2000. Surgiu com força na primeira metade da década de 2010, especialmente impulsionado por comunidades virtuais como Tumblr, DeviantArt e fóruns de moda alternativa.
Mas não se engane: por trás do visual “fofinho com trevas” existe um movimento estético que questiona normas de gênero, padrões de beleza e a ideia de que o sombrio precisa ser agressivo ou masculino.
Elementos visuais marcantes
Alguns dos elementos mais característicos do pastel goth incluem:
- Cabelos tingidos em tons pastel: lilás, verde menta, azul bebê
- Maquiagem com delineado pesado, mas em rosa claro ou lavanda
- Acessórios com cruzes, ossos, spikes — tudo em tons suaves
- Roupas com rendas, tule, babados misturados com couro e camisetas de banda
- Referências a desenhos animados, ocultismo e cultura visual alternativa
Pastel goth em 2025: ainda relevante?
Sim, e talvez mais do que nunca. Em um mundo onde tudo é padronizado por algoritmos e vitrines digitais, o pastel goth ainda representa um grito visual de autenticidade. Ele não é sobre seguir tendência, mas sobre subverter. E não por acaso, a estética foi reapropriada por criadores independentes, artistas queer, e novas gerações que rejeitam rótulos binários e querem brincar com o contraste.
Além disso, muitas marcas mainstream vêm incorporando elementos do estilo em suas coleções “alternativas”, diluindo o conceito original, mas provando que a linguagem visual do pastel goth continua poderosa.
Mais do que uma estética: uma crítica silenciosa
Talvez o mais interessante do pastel goth não esteja só nas roupas, mas no que ele representa: uma crítica sutil — e por vezes irônica — à ideia de que uma pessoa deve escolher entre ser “fofa” ou “forte”, “dark” ou “delicada”. A estética existe no entremeio, justamente para mostrar que podemos ser contraditórios, plurais e imprevisíveis.
É também um dos estilos alternativos que mais dialoga com as subjetividades femininas fora do padrão, criando um espaço seguro para quem não se sente representado nem pela estética pop, nem pelo gótico clássico tradicional.
O pastel goth pode não estar mais nos holofotes do mainstream como em 2014, mas isso não o torna menos relevante. Ao contrário, ele continua como um dos estilos mais simbólicos da fusão entre resistência cultural e expressão pessoal. É uma prova de que a moda alternativa ainda tem muito a dizer — especialmente quando se atreve a unir opostos.
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