10.4 C
Londres
quinta-feira, dezembro 11, 2025
InícioModa AtualizadaDe gravatas artesanais ao império global: a incrível jornada de Ralph Lauren

De gravatas artesanais ao império global: a incrível jornada de Ralph Lauren

-

Um jovem do Bronx, filho de imigrantes bielorrussos, transformou um sonho em um dos maiores impérios de moda do planeta. Com uma visão que sempre ultrapassou o simples ato de vestir, Ralph Lauren criou um universo completo, unindo elegância preppy, espírito western e amor pela vida ao ar livre. Conheça cada passo dessa trajetória que já dura mais de meio século.

Da infância no Bronx ao primeiro grande insight

Nascido Ralph Lifshitz, em Nova York, o estilista cresceu fascinado por roupas, mas nunca se formou em design. Após uma breve passagem pela faculdade de administração, abandonou o curso e passou a vender gravatas feitas à mão para amigos enquanto trabalhava na Brooks Brothers. Foi nesse período que percebeu a oportunidade de levar seu estilo único ao mercado.

1967: o nascimento da marca Polo

Contrariando a moda das gravatas estreitas da época, Lauren lançou peças largas e luxuosas com o selo Polo. O sucesso imediato abriu caminho para uma linha masculina completa, combinando alfaiataria refinada e toque esportivo aristocrático — o embrião de um lifestyle que rapidamente ganhou admiradores.

Chegada ao guarda-roupa feminino

Em 1971, a marca apresentou suas primeiras camisas femininas. Um ano depois, chegou a coleção completa para mulheres, espelhando a mesma sofisticação atemporal do masculino. Ricky, esposa e musa do criador, inspirou looks que equilibravam força e delicadeza.

Ícones que definiram o estilo americano

  • Camisa polo (1972): lançada em inúmeras cores, virou sinônimo de elegância casual e permanece entre as peças mais reconhecíveis da moda mundial.
  • Polo Bear (1991): o ursinho de suéter e cachecol surgiu como presente e virou estampa cult, representando o lado lúdico da grife.
  • Mix preppy + western: franjas de couro, denim desgastado e blazers de tweed mostram como o designer fundiu Ivy League e Velho Oeste em um visual 100% norte-americano.

Mais do que lojas: vitrines de lifestyle

A primeira boutique foi aberta na Rodeo Drive, em Beverly Hills, tornando-se referência para grifes norte-americanas. Em 1986, a flagship da Madison Avenue, em Nova York, ganhou o apelido de “Mansão” e virou ponto turístico. Hoje, o portfólio inclui linhas como Polo, Purple Label, Lauren e RRL, além de fragrâncias emblemáticas e a divisão Ralph Lauren Home.

Filósofo da atemporalidade

Declarações públicas revelam um criador que diz odiar tendências e amar conceitos duradouros. Seja na casa de campo em Bedford, seja no rancho no Colorado, Lauren vive o que vende: polos, camisas de rugby, jaquetas navy com botões dourados, cintos western e xadrezes que atravessam gerações.

Esportes como vitrine global

  • Patrocínio de polo, golfe, hipismo e regatas reflete o DNA esportivo-aristocrático.
  • Desde 2006, veste juízes e equipe de Wimbledon, além de receber convidados em um concorrido camarote temático.
  • Responsável pelos uniformes da delegação dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos desde 2008.

Desfiles que contam histórias

Fora do calendário oficial, as apresentações da marca já aconteceram em restaurantes cenográficos, no Central Park e até em meio à coleção de carros clássicos do estilista, sempre com atmosfera imersiva.

Cultura pop: cinema, TV e hip hop

Figurinos de “O Grande Gatsby” (1974) e “Annie Hall” (1977) eternizaram a estética do designer nas telas. Nos anos 90, a linha Polo Sport virou símbolo de status no hip hop do Brooklyn, impulsionada pelo coletivo Lo Lifes, reforçando a capacidade da marca de dialogar com diferentes públicos.

Sustentabilidade e novas gerações

De olho no mercado vintage, o programa Ralph Lauren Re/Wear restaura peças de arquivo para revenda oficial. Metas anunciadas incluem neutralidade de carbono e rastreabilidade total de materiais até 2030. No universo digital, a loja dentro do Fortnite (2021) e colaborações com Palace e A$AP Rocky aproximam a grife da geração Z.

Filantropia que vai além da passarela

Iniciativas como o Pink Pony destinam parte das vendas ao combate ao câncer. O Ralph Lauren Center for Cancer Care, em parceria com o Memorial Sloan Kettering, e a ala de pesquisa no Royal Marsden, em Londres, reforçam o comprometimento social da empresa.

Um legado em movimento

Profissionais renomados, como John Varvatos e Thom Browne, já passaram pelo ateliê. Aos 86 anos, Ralph Lauren continua no comando criativo e, em 2025, recebeu novamente o título de Estilista do Ano pelo CFDA, prova de que sua fórmula de elegância atemporal segue relevante.

Entre gravatas artesanais e experiências imersivas, a história de Ralph Lauren mostra como visão, consistência e autenticidade podem transformar roupas em símbolo de estilo de vida — um legado que continua inspirando novas gerações.

Neide Souza
Escrito por Neide Souza

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui